terça-feira, 1 de dezembro de 2015

HIV

Hoje, dia 1º de dezembro, é o dia mundial de combate a AIDS, como forma de apoio e conscientização trazemos um texto falando sobre avanços e alguns estudos recentes sobre o HIV. Trata-se menos de um texto de prevenção e mais sobre o preconceito que recai sobre os portadores do vírus. Como o objetivo primordial do blog é justamente propor reflexões que contribuam para debates e desconstrução de preconceitos, não poderia ser um texto diferente. Leiam, reflitam, critiquem, compartilhem. 

HIV: Um Estigma Social

Image courtesy of digitalart at FreeDigitalPhotos.net

Estamos em 2015, passaram-se 35 anos desde o surgimento dos primeiros casos de Aids no Brasil. Desde então, muita coisa mudou, os campos da ciência relacionados ao estudo do vírus desenvolveram-se e avançaram, proporcionando formas menos dolorosas e mais eficazes no combate aos sintomas e à prevenção. Se durante o surto da epidemia, na década de 1980, contrair HIV significava, na grande maioria dos casos, desenvolver Aids e falecer. Hoje, os portadores podem vislumbrar e conviver com o vírus de uma maneira bem menos pessimista.
Apesar dos inúmeros avanços nos campos da ciência médica, farmacêutica, biológica etc., há ainda um grande vilão que os portadores de HIV têm de enfrentar diariamente; um vilão, por vezes, tão devastador quanto o próprio vírus: O preconceito. Os portadores foram estigmatizados desde o início da epidemia, os homossexuais passaram a ser relacionados diretamente à doença, a ponto de serem condenados por alguns como os culpados pela difusão, ou apontados por afirmações do tipo: 'Todo gay tem HIV'. Ainda hoje, os homossexuais são considerados um grupo de risco, o que os impede, por exemplo, de doar sangue em alguns países, como o Brasil.
 Os mitos em torno da doença se espalharam, dificultando a cada dia a vida dos portadores, não se sabia se respirar o mesmo ar era seguro, sentar no mesmo banco, comer com os mesmos talheres etc., não muito diferente do que ocorre sempre que se descobre uma nova doença; felizmente, as características do vírus foram descobertas e com elas os mitos caíram por terra, o que não significou, contudo, um melhor entendimento e respeito imediato por parte da sociedade. Imagine o quão difícil deva ser saber portar o vírus do HIV e, de repente se ver segregado, excluído e impossibilitado de conviver com as pessoas com as quais sempre conviveu, ou mesmo de conhecer novas, simplesmente por ignorância e preconceito.
A esta altura, há pessoas que ainda acham que podem contrair HIV por contato indireto, por compartilhar talheres, pela saliva, por um beijo, enfim. São inúmeras as pessoas que encerram a possibilidade de conhecer e se relacionar com pessoas portadoras, pessoas que parecem fazer questão de tornar o HIV um verdadeiro estigma social. Há pesquisas extremamente sérias e relevantes, que já nos provaram não existir motivos para continuar tratando o HIV como um vírus, necessariamente, mortal, menos ainda para temer ou evitar as pessoas que porventura convivam com ele, é mais do que hora de derrubarmos preconceitos, a melhor forma de fazê-lo é com conhecimento.
Em primeiro lugar, é preciso saber que o vírus e a doença não se desenvolvem ao mesmo tempo ou em todas as pessoas; há indivíduos que contraem o HIV (vírus) mas nunca desenvolverão a doença (Aids). Apesar de ainda não existir cura definitiva, os portadores, a partir da administração dos já conhecidos coquetéis (conjunto de remédios para tratamento e controle do HIV), conseguem levar uma vida saudável com expectativas de vida que se aproximam as dos não portadores.
Como dito anteriormente, a transmissão não ocorre pelo ar, assentos, compartilhamento de talheres, salivas etc., mas sim, por meio de contato sanguíneo, pelo sêmen, por secreções vaginais, leite materno, durante a gestação - na atualidade, com o correto tratamento as chances são mínimas-, ou o parto. Dentre as formas de contágio, a mais alarmante é a sexual, não à toa o HIV ser reconhecido como uma Doença Sexualmente Transmissível - DST. Essa foi a cara da epidemia desde a década de 1980 e a camisinha ainda é o método mais seguro e disponível à prevenção. Entretanto, os outros meios de contágio não devem ser negligenciados, como o compartilhamento de seringas, geralmente associado ao uso de drogas, ou o sexo oral, que apresenta risco efetivo, apesar de muitos não fazerem questão do uso do preservativo durante essa prática. 
É importante ressaltar que a preservação deve ser constante, qualquer ato sexual deve ser realizado com uso de preservativo, independentemente de qualquer questão: alergias, falta de sensibilidade, incômodo etc., não devem ser utilizados como pretexto para o não o uso, especialmente por existir hoje no mercado uma infinidade de produtos em diversos modelos, opções e tamanhos para atender o maior número de necessidades possíveis. Prevenção é necessária sempre. Mas uma vez contaminad@, a calma deve ser estabelecida e a ajuda especializada procurada.
Outro ponto importantíssimo a ser tratado e, que poucas pessoas sabem, é que um individuo soropositivo sob tratamento e que possua carga viral controlada a níveis indetectáveis, oferece menor chance de transmissão em uma relação sexual desprotegida do que um individuo sorointerrogativo (aquele que não sabe sua sorologia).
Os estudos nesta área se multiplicam. Recentemente, postamos em nossa página no Facebook uma matéria do portal Universo AA, que versava sobre o tema, o Lado Bi também falou sobre. O estudo Partner demonstrou, com um universo de 800 casais formados por sorodiscordantes (hetero e homossexuais) - sendo que o soropositivo apresentava carga viral indetectável-, que não houve transmissão do vírus entre os casais que tinham a prática de transar sem camisinha. Estamos falando com base em dados e pesquisas de instituições sérias, não se tratam de opiniões arbitrárias. Estudos assim, tem por objetivo esclarecer as reais causas de transmissão e desmistificar tantas outras que a nada servem, senão estigmatizar e segregar ainda mais os portadores, entretanto estes dados não devem servir de fundamento para que as pessoas sintam-se seguras ou deixem de prevenir-se, pelo contrário, a prevenção ainda é a melhor forma de combate a Aids.
   O parágrafo acima traz uma informação pouco conhecida e até inesperada para muitos, dificilmente alguém diria ser mais seguro manter relações sexuais com um soropositivo, mas é isso mesmo, é importante ressaltar, que este quadro diz respeito aos portadores em tratamento que fazem uso de antirretrovirais, responsáveis por manter a carga viral a níveis indetectáveis. Esse tipo de informação precisa ser compartilhada e difundida, para que o preconceito e resistência ignorantes cessem e para que todas as pessoas portadoras possam viver com o respeito e a dignidade merecida, sem pré-julgamentos descabidos ou a segregação já tão vivida e conhecida por alguns grupos, tidos como minorias.

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