sábado, 10 de janeiro de 2015

A esquerda parece contra Dilma?
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Passaram-se nove dias da posse da presidenta reeleita, Dilma Roussef. Ficou para trás uma das eleições mais acirradas desde a redemocratização, também ficou para trás uma das maiores mobilizações da esquerda em prol de uma candidato que as gerações mais novas já viu. Conseguimos, a candidata escolhida por nós foi eleita. Mas quem disse que era ela, de fato, a nossa opção?
O Brasil ao longo de sua história recente sofreu o golpe e o governo de uma longa e massacrante ditadura militar, após isso sucessivos governos democráticos pouco simpáticos a esquerda e ao povo desse país. Em 2003, um sonho de todos que um dia lutaram pela liberdade e democracia, subiu a rampa do Palácio do Planalto. Foi eleito um presidente de um partido até então reconhecido e tido como de esquerda, um ato que representou muito mais do que apenas a vitória da democracia, um ato que representou a vitória e a redenção de um povo que sofreu, lutou e morreu para que nós tivéssemos dias melhores, dias de liberdade.
Foram duas gestões do presidente Lula, gestões marcadas por corrupção, decepção e pelo abandono de bandeiras partidárias fundamentais, como a reforma agrária. Foram também gestões de ganhos sociais não menos consideráveis, porém muito aquém do que toda a esquerda mobilizada e cheia de esperança, aguardava ansiosamente há séculos.
A sequência da "esquerda" foi garantida, desta vez por uma mulher, ex-perseguida política durante a ditadura. Dilma representa muito mais do que Lula representou ao ser eleito, ela representa que, de fato, o passado sombrio e trevoso ficou, de uma vez por todas, para trás, representa que, de fato, este país ainda profundamente machista, caminha para um futuro de igualdade de gênero ao colocar uma mulher no mais alto cargo executivo existente aqui. Representa ainda que nós brasileiros, não estamos dispostos a abrir mão de nenhum ganho social, de nenhuma política de inserção do povo em todos os âmbitos da vida em sociedade. Representa que nunca permitiremos que os números da fome voltem ao patamar que eram e que lutaremos até o fim para não permitir que o Brasil esteja novamente no mapa da fome um dia.
A escolha pela eleição de nossa atual presidenta, rachou a esquerda, é preciso ser dito. Sabemos que há muito o PT esqueceu ou ao menos deixou de lado suas origens, muito pelos jogos políticos que se configuram e exigem posições pouco louváveis de nossos eleitos; muito também pelas mudanças de concepção e prioridade que todo ser humano passa.
Todos sabíamos que não seria um governo fácil e não será, basta lembrar que nossa câmara é uma das mais conservadoras desde a redemocratização. Me parece um tanto quanto curioso essa sequência de fatos que não acontecem desde a redemocratização, pois mostram um período de franca transição, não de retrocesso.
O período eleitoral foi marcado por intensas e calorosas discussões, os mais extremos desfizeram amizades e relacionamentos, alteram seus círculos de contato, pois não admitiram certas posicionamentos. Boa parte da esquerda nunca quis Dilma, isso porque sabem que seu governo e partido de fato não mais representam essa ideologia, mas se viram quase que obrigados a apoiá-la, para não permitir que um candidato posicionado mais a direita e apoiado por inúmeros conservadores e extremistas não alcançasse o cargo presidencial, portanto a escolha foi, antes de mais nada, um grito pelo não retrocesso, que inevitavelmente aconteceria.
Nossa presidenta após eleita, no entanto, tem tomado atitudes que a configurariam como uma candidata simpática a direita, pela postura política, como a recente nomeação de seu novo ministério. Nossa "direita" (boa parte das pessoas que criticam os governos de Dilma e Lula não necessariamente são da direita, antes são massa de manobra rasa de nossa mídia tendenciosa, por exemplo) contraditória e fraquíssima em argumentos continua fazendo critica pela critica, mesmo que a presidenta tome a postura que eles esperam. Já a esquerda, obviamente está revoltada e é assim mesmo que ela tem que ficar. Nós cobraremos o nosso voto, cobraremos o nosso governo, nossos direitos e nossa ideologia.
A eleição é só o inicio de um processo que dura quatro anos, eleger um candidato não significa se calar e aceitar seu governo sem indagação, muito pelo contrário. Nosso voto é caro, nosso voto é precioso, portanto o governo precisa valorizá-lo e fazer jus a cada voto recebido. Não nos calaremos diante das medidas impopulares, não nos calaremos diante do abandono da reforma agrária e jamais nos calaremos diante de um governo que abandona a esquerda sob qualquer hipótese. Elegemos sim, e agora mais que qualquer um temos a obrigação moral de criticar, cobrar e reivindicar. 

Não sumi!

Estou aqui!

E aí galera, tudo bem?
Ando meio sumido do blog, devido a correria dos últimos meses e também por não sentir algo que me motivasse a escrever. Vou tentar estar mais presente aqui, começando já!