Olá
meus queridos, desta vez fiquei bastante tempo fora e não sei qual vai ser a
frequência das minhas postagens por aqui. Pra quebrar o jejum, tem texto novo
hoje sobre um assunto bem delicado: O Armário. Podem comentar com suas
opiniões, experiências, etc., se quiserem mandar comentários por e-mail,
sintam-se a vontade.
Boa
Leitura!
São milhares os endereços e textos na internet que falam
sobre aceitação, autoconfiança, preconceito, etc. Talvez este seja só mais um
entre tantos e, ainda assim, escreveremos por acreditar que nunca é
demais falar sobre o processo de autoaceitação, de se assumir e das
consequências boas e ruins que isto pode trazer a vida de alguém.
Quem é homossexual vive ou viveu, sem dúvida, a sombra de
se assumir ou não, este questionamento persegue segue a vida de
alguns por pouco tempo, de outros por muito, já para alguns outros ele nunca
deixará de existir, claro que essa não é uma das escolhas mais fáceis a se
fazer e tem de ser muito bem ponderada antes da decisão ser, de fato, tomada.
Ninguém escolhe ser homossexual, bissexual, transexual,
etc., mas as pessoas podem escolher, infelizmente acreditamos, passar a vida se
escondendo atrás de máscaras e fantasias. Por não enxergar alternativa a não
ser esta, optam pelo que acreditam ser o caminho menos árduo, motivados, boa
parte das vezes, pelo medo. O medo a reação da família, dos amigos, dos
colegas no trabalho ou na escola, pelo medo a reação da sociedade. Pouco
importa como a pessoa sente-se, desde que o que lhe é externo continue
enxergando aquilo que a sociedade quer enxergar. A preocupação maior está em responder as expectativas que o mundo
despejou em nossas vidas. Algumas vezes este mundo é representado
primeiramente pela figura da nossa mãe ou pai, um tio, uma tia, depois os
amigos, talvez chefes, colegas. No fim, o próprio mundo.
Lendo algumas matérias e relatos fica a impressão de que
dizer que somos homossexuais é uma das coisas mais fáceis que possamos fazer.
Bem, a realidade não é assim. Também não é sempre que os discursos de "vai
ficar tudo bem", são verdadeiros, é preciso estar preparado para o:
"Talvez nem tudo fique bem". O fato é que nós vivenciamos realidades
específicas e particulares, cabendo a cada um ponderar a hora e o momento mais
oportuno. Não existe a idade certa, ser muito jovem ou muito velho, ser cedo ou
tarde demais, nenhum desses discursos devem influenciar nossa atitude e
vontade.
Cada individuo possui formas próprias de expressar seu
sentimento em diversas situações e não é possível prever as reações e
consequências de atitudes, mas isto é óbvio. Ao decidir contar aos pais, ou
quem quer seja, sobre os aspectos de nossa sexualidade é possível que eles o
abracem e digam que nada mudará sob qualquer circunstância, é possível que
mesmo antes de você começar a falar eles o envolvam em um abraço e digam
que tudo ficará bem. Entretanto, não é impossível que eles fiquem
irreconhecíveis, o reprimam, digam coisas horríveis sobre você e sua
orientação/condição, portanto, a decisão de se assumir tem que estar intimamente
ligada a um preparo psicológico para uma resposta boa ou não.
Todas as incertezas, inseguranças, medos, entre tantos
outros sentimentos que nos habitam não se dissolvem com a fatídica conversa. Pode ser que tudo esteja apenas começando ali. Muitos
perdem por completo a liberdade, passam a ser vigiados, alvos de desconfiança e às vezes tudo que você é, já fez ou ainda fará perde a importância e
deixam de ser méritos seus, porque a única coisa que as pessoas irão em
enxergar é o fato de ser gay, lésbica, bissexual, enfim, e isso pode vir a anular qualquer coisa "boa" (aos olhos da sociedade) que venha de você.
A impressão é que a partir do momento em que alguém
decide revelar as pessoas ser homossexual é preciso reconstruir novamente
a personalidade perante a elas, ou ao menos relembrá-las da sua. O preconceito
em nossa sociedade chega a um ponto tão extremado que somos julgados por uma
condição profundamente individual que não atinge de forma nenhuma a vida de quem quer
que seja. Afinal de contas, o que as pessoas têm a ver com quem eu vou ou deixo
de me relacionar sentimental ou fisicamente?
Alguns têm a sensação de que o que é externo muda depois
que nos assumimos. De fato, pouca coisa muda, isto para não dizer que pode ser que nada
mude. As pessoas, em geral, continuarão preconceituosas, machistas, mesquinhas,
etc. A principal mudança não será a concepção das pessoas sobre você, mas sim, sua próprias concepções sobre você mesmo e a forma pela qual se enxerga o mundo
A mensagem mais importante a se deixar é que o momento
certo para conversar sobre sua orientação/condição sexual é aquele definido por nós, seja ele qual for. O
essencial é ter segurança e jamais permitir que a sociedade que nos cerca, suplante ou diminua nossa vida, esperando que realizemos seus sonhos e suas
aspirações em detrimento dos nossos.
No instante em que arrancamos nossas máscaras e
abandonamos o armário, uma série de preocupações deixam de existir, uma série
de outras afloram, mas o mais importante é se abrir, lutar, argumentar e
mostrar que não somos motivo de vergonha sob nenhum aspecto, pelo contrário. Só
assim é que dia a dia ganharemos espaço e mostraremos aquilo que tanto se luta
para cristalizar na mentalidade e cotidiano das pessoas, não há nada demais em
ser gay.
Curti seu ponto de vista...
ResponderExcluirCada um tem sua história de vida e seus desafios, cada um sabe o momento certo de sair ou até mesmo não sair do armário.
Abraços!
Oi, valeu pela visita e pelo comentário, é exatamente assim que penso, o momento é individual, desde que cada um permaneça sendo honesto e verdadeiro, primeiro consigo mesmo depois com as outras pessoas.
ExcluirVolte Sempre!
Ainda hoje passei por um texto falando sobre "Sair do Armário"... eu não sei, tudo bem que minha situação nunca foi exatamente complexa e penso que o maior desafio foi me entender, mais do que sair, entrar, ficar, no armário.
ResponderExcluirO texto que vi está disponível em:
http://paigay.blogspot.com.br/2015/09/qual-e-idade-certa-para-sair-do-armario.html
Eu penso que "sair do armário" nunca foi exatamente uma opção para mim, eu sempre tive a visão de que deveria me preparar para que um dia, quando as pessoas que me são importante perguntasse alguma coisa, eu pudesse conversar "direitinho"...
No mais, eu sempre fui muito discreto em relação a minha vida... independentemente de qualquer coisa. Uma questão que me chama a atenção é a que esse sair do armário tem sido diferente para as pessoas mais novas.
Muito legal tua abordagem!
Abração.
Oi Latinha valeu pela visita. Você mencionou sobre as pessoas mais jovens, recentemente em uma conversa com amigos discutimos exatamente isso, apesar de diversos retrocessos em nossa sociedade que se mostra conservadora, não à toa que no último dia 24 (24/09/2015) a Comissão Especial sobre Estatuto da Família, aprovou um conceito bastante questionável, conservador e heterormartivo sobre o que é família. Mas ainda assim, percebemos que uma abertura maior para que as pessoas possam ser de fato quem são, sem passar uma vida inteira se sentindo na obrigação de esconder-se ou omitir-se, mas claro que esta abertura é relativa e precisamos caminhar muito para que esta liberdade seja efetiva, este seria um tema e tanto para um texto, quem sabe.
ResponderExcluirContinue nos visitando, abraços!