Image courtesy of digitalart at
FreeDigitalPhotos.net
Nascemos e crescemos permeados por valores e
socializações heterossexuais, nossa genitália define nosso gênero, orientação
sexual, afinidades, preferências, estilos, etc., não é dada opção de
discordância, mudança ou alternativas.
Indivíduos identificados como do sexo
feminino ao nascer terão impositivamente de usar rosa e brincar de boneca, em
oposição aqueles do sexo masculino que usarão azul, terão como brinquedos os
carros, bolas, brincarão de luta ou outras atividades tidas como menos
delicadas, assim, as situações são estabelecidas e assim, tem que ser seguido.
No entanto as pessoas são muito mais complexas e diversas, de tal forma que
esses valores heteronormativos não conseguem abarcá-las em sua complexidade.
Meninos podem brincar de boneca e gostar de rosa, sem isso querer dizer que ele
é ou será homossexual na vida adulta, mulheres podem preferir as bolas, a luta,
carros e azul e isso não precisa necessariamente ter relação com as pessoas com
as quais elas se relacionará: homens ou mulheres.
A definição de nossa sexualidade é permeada
por uma série de fatores biológicos e socioculturais de uma maneira tão
complexa e intrincada que ainda hoje é uma incógnita para psicólogos, médicos,
biólogos e demais estudiosos do tema o momento em que alguém desenvolve a
orientação sexual ou mesmo se ela é algo genético e portanto nasceria no
instante em que nasce o individuo ou não.
Cada ser humano deveria ter o direito a
liberdade de crescer distante dos determinismos e imposições que a sociedade ao
longo de sua história instituiu como valores universais e imutáveis, entre eles
a própria sexualidade e a identidade de gênero que deveriam ser elementos
extremamente individuais e particulares dentro daquilo que constitui o humano,
afinal de contas não cabe a ninguém opinar ou decidir a forma como cada um deve
amar, se relacionar e se expressar no que diz respeito a sexualidade e ao
gênero.
O resultado da crença cega em se condicionar
o gênero de um indivíduo com base apenas em uma parte do corpo, a genitália,
pode significar reduzir e asfixiar a expressão daquele, muito mais ampla que o
pênis e a vagina, envolvendo questões bem mais profundas e complexas. É preciso
entender que o gênero não é dado ou nato, se trata antes, de uma construção
social transmitido na forma de valores, costumes, cultura, etc., portanto,
esperar que o comportamento masculino ou feminino seja natural e estritamente
ligado a uma parte do corpo é um problema. A constatação de que uma parte
considerável das pessoas que nascem com vagina se identificam como sendo do
sexo feminino, e as que nascem com pênis, por sua vez, se identificam como
sendo do sexo masculino, não pode implicar em uma generalização absurda e
errônea, pois sufoca uma série de pessoas que não estão abarcadas por esta
maioria, mas devem ter assegurados os mesmos direitos e dignidade.
Os transgêneros existem, assim, como os
transexuais e os não-binários e não podem ter sua existência obscurecida
ou asfixiada pelo preconceito, desconhecimento e ignorância. Precisam antes de
mais nada ter assegurado o direito de expressar sua identidade da forma como se
identificam, seja na forma da lei ou no convívio em sociedade, mas para isso
uma mudança brusca e urgente na forma como as pessoas, em geral, encaram a
sexualidade e o gênero precisa ser realizada.
Não é pequeno o número de indivíduos que se
veem em situações de profunda confusão ao não conseguir se encaixar nos padrões
estabelecidos como "normais", o que gera margem para estas pessoas
acreditarem portar algum tipo de problema ou desvio negativo, o resultado desse
caminho em alguns casos é a negação da própria individualidade, negação
motivada pelo medo ao preconceito, a exclusão, a reação da sociedade, etc.
É mais do que hora de abrirmos a mente e o
pensamento, entender que a realidade é bem maior que o nosso quadrado e as
formas de expressar aspectos individuais de nossa personalidade, devem ser
individuais, nunca impostos pela sociedade representada na figura de quem quer
que seja.
Referência
http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/nao-binarios-publicam-selfies-nas-redes-para-mostrar-que-significa-essa-identidade-de-genero-14383736
Essa é uma questão bem complexa! Eu mesmo, que me considero uma pessoa razoavelmente esclarecida e que tenho acesso a grupos de militância, ainda não consegui chegar a uma posição clara...
ResponderExcluirA principio para mim, bastaria que todos se respeitassem... mas sei que as coisas não são tão simples assim e dai a discussão cresce exponencialmente para vários lados e tópicos...
Muito legal o texto!
Pois é, se vivêssemos em uma sociedade em que as pessoas fossem respeitadas em suas questões, não haveria por que discutir preconceito, racismo, homofobia, machismo, exatamente por isso a militância é necessária, porque as pessoas, falando especificamente dos LGBT's, ainda são violentadas física ou psicologicamente e assassinadas de todas as formas possíveis.
ResponderExcluirAinda precisaremos gritar muito para termos direitos básicos e plenos garantidos, mas claro que há também uma luta no interior do movimento que está bem longe de ser coeso e unido, já entrando em outra pauta.
Obrigado pela visita, e continue comntando.
Abraços!